quarta-feira, 23 de junho de 2010

Reduzir desmatamento em países tropicais enriquece os EUA, diz estudo

 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ganho na agricultura poderia ser de até R$ 474 bi até 2030.
Para pesquisador brasileiro, texto apresenta equívocos.

Estudo publicado no fim de maio pela organização internacional Avoided Deforestation Partners (Parceiros do Desmatamento Evitado, em tradução livre) diz que a proteção de florestas em países tropicais poderia render ao menos US$ 200 bilhões (cerca de R$ 355 bilhões) para produtores de soja, carne, madeira e oleaginosas nos Estados Unidos.


A pesquisa estima que o ganho de agricultores nos Estados Unidos pode chegar a US$ 267 bilhões (R$ 474 bilhões) entre 2012 e 2030. O valor se aproxima do que deve ser gasto pelos produtores apenas com energia neste período, diz o estudo.
Foto: Rodrigo Baleia/Greenpeace

Terra desmatada na Amazônia para criação de pastos. (Foto: Rodrigo Baleia/Greenpeace)

De acordo com a pesquisa, chamada Farms Here, Forests There (Fazendas Aqui, Florestas Lá), só a inclusão de sistemas de compensação ambiental por redução de desmatamento em florestas tropicais na legislação norte-americana representaria a economia de US$ 49 bilhões (cerca de R$ 87 bilhões) para a agricultura do país.

Considerando apenas a produção de madeira nos Estados Unidos, o ganho seria de até US$ 60 bilhões (cerca de R$ 106 bilhões) até 2030, com lucros maiores para os estados da Pennsylvania, Tennesse e Florida, segundo o estudo. No caso da soja, Iowa, Illinois e Minnesota seriam os estados mais beneficiados.

A divulgação do estudo ocorre em um momento em que o Brasil discute a reformulação de sua legislação ambiental, principalmente por meio da alteração do Código Florestal, que coloca em posições opostas ruralistas e ambientalistas na Câmara dos Deputados, em Brasília (DF).

Para o pesquisador do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), André Lima, o estudo pode ser usado como forma de pressionar a votação das mudanças no Código Florestal, que reduzem áreas obrigatórias de reserva legal e desobrigam produtores a recuperarem terrenos desmatados até julho de 2008.

"O estudo tem um raciocínio equivocado porque se pauta em uma taxa de desmatamento acima do que foi real no Brasil. Além disso, ignora outros estudos dizendo que o Brasil pode crescer sem desmatar", diz Lima. "A produtividade da agropecuária no Brasil é muito baixa e há áreas desmatadas não são usadas."

Segundo o pesquisador, um estudo do Ipam mostra que entre 35% e 43% do território brasileiro pode ser usado pela agropecuária de forma legal, dependendo dos zoneamentos ecológicos e ambientais de cada estado. "Isso é suficiente pra dobrar a produção de soja, etanol e pecuária. Proteger as florestas no Brasil enriquece nossa agricultura porque exige políticas de produtividade e qualifica a produção", diz o pesquisador.
 
AÇÃO MAÇÔNICA INTERNACIONAL - AMI
 
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Participe, deixe seu contato!