sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Sai Nélson Jobim, Entra Celso Amorim: Defesa tem novo Ministro

FOTO: ROBERTO CAIAFA
O EX-MINISTRO DA DEFESA NÉLSON JOBIM


A repercussão negativa que as declarações de Nélson Jobim causaram dentro do governo, especialmente após o mesmo assumir que votou no adversário de Dilma Rousseff  nas eleições presidenciais de 2010 (o candidato José Serra) chegou ao seu clímax nesta quinta feira, três de agosto, quando foi anunciada a sua exoneração. Em entrevista a uma revista de circulação nacional, o então Ministro da Defesa fez duras críticas a duas ministras da equipe montada pela Presidente Dilma e que ocupam cargos de confiança. Segundo Jobim “A Ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvati, é fraquinha, e Gleisi Hoffmann, Ministra-Chefe da Casa Civil, não conhece Brasília", fala que teria irritado profundamente a Presidente Dilma. De fato, uma demissão que não causou surpresa, afinal, já havia um acordo de transição costurado pelo Ex-Presidente Lula e que previa, dentre outros arranjos, a permanência dos comandantes das três forças armadas e do ministro da defesa por pelo menos um a dois anos do Governo Dilma.

            Jobim sai de cabeça erguida. Durante a sua gestão a frente da pasta, um ambicioso plano de reequipamento das forças armadas foi posto em prática seguindo diretrizes do Plano Nacional de Defesa (PND). Jobim conseguiu recolocar o tema Defesa no centro dos debates nacionais e também foi fundamental no renascimento da indústria bélica brasileira, um setor em baixa durante toda a década de noventa. Experiente interlocutor, Jobim contava com o respeito dos militares, sendo considerado por muitos como o melhor ministro da pasta nos últimos 30 anos.
FOTO: ROBERTO CAIAFA
NÉLSON JOBIM NO LANÇAMENTO DA NOVA FÁBRICA DA HELIBRAS

Mar, Terra e Ar = Reaparelhamento das Forças Armadas Brasileiras.

A Marinha do Brasil deu início ao seu Programa de Reaparelhamento focando na compra de novos meios de superfície como escoltas, patrulhas oceânicos, navios auxiliares e fragatas multimissão, além da construção de quatro novos e modernos submarinos convencionais do tipo Scorpenne e um do tipo nuclear, o SN-BR, todos alocados em nova base (atualmente em construção) no litoral do estado do Rio de Janeiro.

O Exército Brasileiro, confirmando sua reorientação estratégica de investir pesado na defesa da Amazônia, lançou programas visando dobrar seus efetivos na região e a quantidade de pelotões especiais de fronteira, além de equipar os mesmos com sistemas de radares de baixa altitude SABER, mísseis terra-ar do tipo MANPADS IGLA e desenvolver melhor logística e apoio ao combatente de selva. Além disso, o ambicioso programa da VBTP-MR Guarani, um blindado 6x6 fabricado pela IVECO e destinado a tornar o EB uma força mecanizada dotada de alta mobilidade, inclusive aerotransportada, teve assegurado sua industrialização com altos índices de participação da indústria local.

Já a Força Aérea realizou a modernização de seus meios de combate, transporte e patrulha contando com forte participação de empresas brasileiras. A concorrência para a escolha do novo caça de combate de FAB, e conhecida como FX-2 foi baseada na transferência de tecnologia e capacitação da indústria nacional, prevendo a compra inicial de 36 unidades. O anúncio do vencedor só deverá ocorrer em 2012, mas as três empresas finalistas (Boeing, Dassault e SAAB) vêm seguidamente divulgando investimentos e parcerias com empresas brasileiras.

Novo Ministro, uma escolha polêmica

FOTO: AGÊNCIA BRASIL

No final do dia, a confirmação de Celso Amorim como novo Ministro da Defesa causou reação negativa na caserna, os militares ainda se ressentem da péssima experiência que tiveram quando José Viegas, também diplomata, esteve à frente da pasta. Amorim é considerado pelos militares um ideólogo de esquerda e tido como responsável por algumas posturas equivocadas do Brasil quando estava à frente do Ministério das Relações Exteriores, caso do apoio brasileiro ao Irã e seu Programa Nuclear. O novo Ministro da Defesa, um ex-chanceler de carreira, certamente não irá contar com o mesmo respeito e trânsito entre os militares brasileiros, e claramente não tem o mesmo conhecimento técnico e habilidades políticas do seu antecessor, tido como hábil negociador e competente gerenciador de crises tais como o apagão aéreo de 2009 e a polêmica sobre a abertura dos arquivos classificados da repressão política na Ditadura Militar que governou o país de 1964 até 1985.

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