quarta-feira, 11 de setembro de 2013

COMDABRA: garantia da soberania nacional do Brasil

Força Aérea Brasileira

COMDABRA: garantia da soberania nacional do Brasil

Kaiser David Konrad, Jornalista brasileiro especializado em assuntos de Segurança Nacional - 04/09/2013
 
O Major Brigadeiro do Ar Carlos Baptista Jr e staff no Posto de Comando do COMDABRA durante a Copa das Confederações, em junho de 2013. (Foto: Força Aérea Brasileira)
O Major Brigadeiro do Ar Carlos Baptista Jr e staff no Posto de Comando do COMDABRA durante a Copa das Confederações, em junho de 2013. (Foto: Força Aérea Brasileira)
 
O Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro (COMDABRA) é um dos mais importantes do país por ser o responsável pela garantia da soberania nacional. Diálogo entrevistou o Major Brigadeiro do Ar Carlos de Almeida Baptista Jr., chefe do comando para falar sobre a segurança do espaço aéreo, a integração com força aéreas das nações amigas, operações com veículos aéreos não-tripulados e o exercício multinacional CRUZEX 2013.
Diálogo: Qual é a função e como é estruturado o Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro (COMDABRA)?
Major Brigadeiro do Ar Carlos de Almeida Baptista Jr.: O COMDABRA, único comando operacional da estrutura militar de defesa permanentemente ativado, é responsável pela defesa do Brasil contra qualquer tipo de ameaça aeroespacial. Comandado por um oficial general da Força Aérea Brasileira (FAB), possui uma estrutura conjunta – formada por militares das três forças armadas – flexível o suficiente para permitir, sem solução de continuidade, operar em tempo de crise ou conflito.
A estrutura interna é composta por um Estado-Maior Conjunto e por um Centro de Operações de Defesa Aeroespacial (CODA). O CODA é o responsável pela supervisão das atividades dos quatro Centros de Operações Militares (COPM), que executam as ações de DA em cada Região de Defesa Aérea (RDA) do Brasil.
Conforme estabelecido nos documentos normativos, o COMDABRA tem o controle operacional das Unidades de Defesa Aérea e Antiaérea, quando operando no território nacional, utilizando-se de quatro centros de operações, através dos quais exerce o controle tático de todos os meios.
Com base no nível de ameaça existente, o Sistema de Defesa Aeroespacial Brasileiro (SISDABRA) opera em diferentes “Estados de Alerta (ESTALE)”, que estabelecem níveis de prontidão a serem observados pelo sistema, bem como os meios a serem disponibilizados. Tais níveis representam situações diversas, que vão desde o tempo de paz até conflito de grandes proporções.
Diálogo: O Brasil tem protegido suas fronteiras com aviões Super Tucano, evitando que aeronaves ilícitas penetrem em seu espaço aéreo. Quais são as unidades de aviação envolvidas, e como são realizadas as operações e a coordenação das interceptações?
Maj Brig Carlos Baptista Jr.: Embora o Brasil esteja localizado em uma área geográfica de paz prolongada, desfrutando de excelentes relações com todos seus vizinhos, nossas fronteiras com diversos países têm sido usadas pelo tráfico ilícito de drogas, exigindo ações firmes do governo brasileiro.
Dentre estas ações, posso destacar a utilização de meios aéreos de detecção, controle e interceptação, como as aeronaves AE&W/C E-99, e de meios aéreos de interceptação, como helicópteros e aviões Super Tucano, que compõem uma equipe bastante eficiente.
Dos quatro esquadrões que operam aeronaves Super Tucano na FAB, três delas, localizadas em Boa Vista, Porto Velho e Campo Grande, estão permanentemente envolvidas neste tipo de atividade, com excelentes resultados.
Embora outras aeronaves de maior performance possam ser acionadas pelo COMDABRA, a experiência nos comprova que o Super Tucano é a melhor plataforma para este tipo de operação, principalmente pela possibilidade de voar em uma faixa de velocidade bastante adequada, ser facilmente desdobrado para aeródromos sem qualquer apoio logístico, inclusive com pistas não preparadas e ter um custo de operação bastante reduzido.
O Super Tucano é uma aeronave que nasceu com requisitos voltados para as missões de contrainsurgência, apoio aéreo aproximado e interceptação a baixa e média velocidades, tendo comprovado sua excelência em tais missões.
Diálogo: O Brasil vem realizando exercícios de coordenação de defesa aérea com as forças aéreas de nações vizinhas. Como são realizados estes exercícios e que resultados práticos foram alcançados?
Maj Brig Carlos Baptista Jr.: Há mais de 10 anos o COMDABRA realiza operações combinadas de Defesa Aérea com todos os países que fazem fronteira com o Brasil.
Estas operações, que objetivam estabelecer procedimentos a serem seguidos para a identificação e transferência de informações sobre tráfegos transfronteiriços, desconhecidos ou suspeitos, serviram de base para o estabelecimento de Normas Binacionais de Defesa Aérea (NBDA), que estabelecem procedimentos a serem seguidos pelos países quando não for possível completar as medidas de policiamento do espaço aéreo antes de um determinado tráfego cruzar a fronteira.
Esses procedimentos diminuem o tempo de reação do país vizinho, além de permitirem a continuidade das ações pelo outro país, tendo certamente contribuído para o controle dos ilícitos.
Essas NBDA são reavaliadas a cada dois anos, e amparam a troca de informações entre os Centros de Operações de Defesa Aérea (CODA) de cada país, atividade indispensável na batalha diária contra este tipo de atividade.
Diálogo: A Força Aérea vem utilizando as aeronaves não tripuladas Hermes 450 em operações de vigilância, inteligência e reconhecimento, tanto nas operações Ágata nas fronteiras do país como em grandes cidades, durante os eventos internacionais que o Brasil sediou. Qual a importância da utilização de VANTs e que lições a FAB pôde tirar da utilização destes aparatos?
Maj Brig Carlos Baptista Jr.: A operação dessas aeronaves ainda é muito recente na Força Aérea Brasileira, embora sua utilização na missão de Inteligência, Vigilância e Reconhecimento (ISR) já se tenha mostrado de grande importância.
A possibilidade de emprego por longos períodos de tempo, a redução do risco para tripulantes e operadores, o baixo custo de operação e a possibilidade de ser mantida uma consciência situacional da área de operações são apenas algumas de suas características mais importantes.
Diretamente em prol da Defesa Aeroespacial, estamos estudando sua utilização como relay de comunicações e datalink, vigilância de rotas de incursão, acompanhamento de tráfegos a baixas velocidades e alarme antecipado.
Nos grandes eventos desportivos e políticos que o Brasil está sediando nesta década, e embora muitas das atividades sejam de responsabilidade dos órgãos de segurança pública, as aeronaves remotamente pilotadas (ARP), como são conhecidas no país, tem se mostrado de grande importância para as ações de Comando e Controle, haja vista possibilitarem um conhecimento do cenário, em tempo real, para a tomada de decisões.
Finalmente, destaco que a aquisição das primeiras ARP fazem parte de um projeto estratégico brasileiro, no sentido de implantar uma indústria nacional deste tipo de engenho, para aplicações diversas, tanto civis como militares.
Diálogo: A FAB realiza também um trabalho de grande importância para o país e outras nações que são as missões de patrulha marítima e busca e salvamento dentro de sua área de responsabilidade no Atlântico Sul. Quais são os meios utilizados e qual é a importância destas missões para garantir a segurança de aeronaves e embarcações nesta região do atlântico?
Maj Brig Carlos Baptista Jr.: O Brasil possui, fruto de acordos internacionais (ICAO), uma responsabilidade de operações SAR muito ampla na área do Atlântico Sul, que corresponde a aproximadamente 9 milhões de km² além do seu território.
Esta capacidade, conforme ficou comprovada nas operações de busca e resgate dos destroços do Air France 447, em junho de 2009, é realizada, dentre outras, por aeronaves R-99, P-95, C-130, P-3 e C-295, sendo as duas primeiras fabricadas no país, pela EMBRAER.
Certamente esta capacidade ultrapassa em muito as questões dos meios aéreos disponíveis, exigindo capacidade de vigilância e controle de toda a área.
Neste sentido, cabe destaque as ações do Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB), implantado e operado pela FAB há décadas, e reconhecido mundialmente por sua segurança, eficiência e confiabilidade, e que fazem do país uma referência mundial com relação à bem-sucedida operação integrada dos meios dos Sistemas de Defesa Aérea e de Controle de Tráfego Aéreo.
Diálogo: A FAB passa por um programa de modernização da sua aviação de caça. Que mudanças isto vai trazer às capacidades da Força Aérea no cumprimento do seu dever de assegurar a proteção e soberania do espaço aéreo nacional?
Maj Brig Carlos Baptista Jr.: Apesar de o Brasil estar inserido em uma área de boas relações entre os vizinhos, e ter demandas sociais justas e típicas de um país em desenvolvimento, não pode abrir mão de dispor de forças armadas modernas e com poder dissuasório adequado ao seu porte.
Neste sentido, o Programa de Modernização e Reequipamento da FAB engloba a modernização de algumas plataformas, como as aeronaves F-5 e AMX, bem como a aquisição de aeronaves de quarta geração – o Projeto F-X2 – cujo lote inicial de 36 aeronaves objetiva reestabelecer uma capacidade de combate adequada ao Brasil, e que foi reduzida ao longo do tempo.
A modernização das aeronaves F-5 e AMX está propiciando, além da extensão da sua vida útil por mais alguns anos, a integração de novos mísseis e equipamentos de missão, imprescindíveis aos conflitos modernos.
Com relação ao Projeto F-X2, e considerando a desativação das aeronaves Mirage 2000 em dezembro de 2013, aguardo com ansiedade a decisão presidencial sobre o vencedor do processo de seleção, que escolherá entre as aeronaves F-18 Super Hornet, Dassault Rafale e SAAB Gripen. Tal decisão, aguardada já há algum tempo, representará um importante salto na capacidade da defesa aeroespacial do Brasil.
Diálogo: Em novembro deste ano o Brasil vai sediar mais uma vez na Base Aérea de Natal o exercício Cruzeiro do Sul, que vai reunir forças aéreas de toda a região, incluindo os Estados Unidos. Quais são as expectativas para este exercício e que tipo de operações serão realizadas?
Maj Brig Carlos Baptista Jr.: Entre os dias 4 e 15 de novembro de 2013, mais uma vez, o Nordeste brasileiro vai ser palco do maior exercício de guerra aérea da América Latina. O Exercício Cruzeiro do Sul, mais conhecido como “CRUZEX Flight 2013”, deve reunir mais de noventa aeronaves do Brasil e de mais oito países, nas Bases Aéreas de Natal e do Recife.
O objetivo do Exercício será treinar estratégias e táticas da guerra aérea moderna no contexto de uma coalizão de países. Novas táticas de combate aéreo serão testadas e experiências serão trocadas entre as tripulações das unidades de caça, transporte, reabastecimento em voo e de helicópteros, além dos integrantes das Forças Especiais.
Na sua sétima edição, a CRUZEX deve reunir mais de 2 mil homens e mulheres, entre aviadores, mecânicos, forças especiais e pessoal de apoio, entre nacionais e estrangeiros, divididos entre as cidades de Natal (RN), Recife (PE) e um pequeno contingente em Caicó (RN).
Entre os aviões de combate, a Base Aérea de Natal irá receber os A-4AR (Argentina), F-16 (Chile, Estados Unidos e Venezuela), IA-58 (Uruguai), A-37 (Uruguai e Colômbia) e A-29 Super Tucano (Brasil e Equador), além dos F-5EM, F-2000 e A-1 do Brasil.
A Força de transporte tático será composta por aeronaves C-130 e C-105 do Brasil, além dos C-130 do Canadá e Colômbia. No Recife ficarão as aeronaves KC-767 (Colômbia), KC-135 (Estados Unidos), bem como o KC-130 (reabastecimento em vôo) e aviões-radar E-99 da Força Aérea Brasileira.
Outra novidade no Exercício deste ano é a participação dos helicópteros de ataque AH-2 Sabre da Força Aérea Brasileira que, juntamente com os H-60 Blackhawk, realizarão missões de ataque e salvamento em combate (C-SAR).
Além dos objetivos do exercício, a Força Aérea Brasileira espera sedimentar procedimentos e táticas, já absorvidos em outras oportunidades, com o modo de operação das equipagens de combate das Forças Aéreas participantes, enriquecendo assim o treinamento dos pilotos e aumentando o grau de operacionalidade das nossas Unidades Aéreas.
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