SK-105A2S do CFN - Todas as fotos por Roberto Caiafa, exceto quando citado. |
O Exército Brasileiro foi a
primeira força terrestre sul-americana a empregar carros de combate na forma de
12 Renault FT.17, modelo da 1ª Guerra Mundial (1914-18), logo seguido pelo
italiano FIAT-Ansaldo CV 3-35, em meados dos anos de 1930 (23 exemplares).
Com o advento da 2ª Guerra Mundial,
o País recebeu grande quantidade de equipamento militar norte-americano,
especialmente os carros leves M3 Stuart, e os médios (para a época) M3 Lee e M4
Sherman, além do blindado de reconhecimento sobre rodas 6x6 M-8 Greyhound e o
blindado leve M-4 Scout Car, nas versões sobre rodas e meia-lagarta, ambos empregados
na Campanha da Itália pela Força Expedicionária Brasileira (FEB), entre 1944 e
1945.
No pós guerra, os CC leves M-41 Walker Bulldog
egressos da Guerra da Coréia tornaram-se a espinha dorsal das forças blindadas
brasileiras, sendo submetidos a um extenso programa de modernização nos anos de
1990 com grande emprego de componentes da indústria brasileira,
transformando-os nos M-41C Caxias mais capazes.Esses carros foram desativados
nos anos 2000 e alguns sobreviventes encontram-se estocados.
O Exército Brasileiro
na atualidade.
Leopard 1Be + Leopard 1A 5 BR
Carros
de Combate Principais, ou MBTs, o Brasil só passou a alinhar em sua ordem de
batalha em 1996 com a aquisição de 128 exemplares do KMW Leopard 1Be oriundos
do Exército Belga, e logo a seguir, uma compra política, a entrega de 98
exemplares do M-60 A3 TTS dos estoques do US Army. Armados com um canhão de 105
mm, ambos utilizavam sistemas de tiro estabilizados diurno/noturno e outras
capacidades tecnológicas inéditas para as tropas blindadas brasileiras.
A
introdução do Leopard 1A-1(ou Leopard 1Be) no Exército Brasileiro em 1996 causou
uma verdadeira revolução logística, operacional e doutrinária numa tropa que
conhecia apenas carros de combate leves norte-americanos ou blindados sobre
rodas VBR Cascavel e VBTP Urutu. Após 10 anos de emprego e muito atrito, restaram
apenas 36 carros revisados e operacionais, empregados em três Regimentos de
Cavalaria Blindada (4º, 6º e 9º RCB), com 12 Leopard 1Be cada (todos
localizados na região sul do Brasil).
As
dificuldades verificadas na operação e manutenção da frota, dotados com
sistemas de tiro óptico da SABCA e outros equipamentos exclusivos de fabricação
belga, provocou a indisponibilidade e retirada do serviço de muitos carros.
Sendo assim, e comprometido em manter sua força de CC em funcionamento, o Exército
Brasileiro decidiu substituí-los, aceitando o recebimento de 240 carros KMW
Leopard 1 A5 BR mais modernos, oferta feita pelo Governo Alemão em 2006.
Colocados
em serviço entre 2009 e 2012 após revisão completa, esses MBT incluem a versão
escola, o veículo especializado oficina/socorro, e o vital carro lança pontes,
mais um completo set de simuladores e sistemas de treinamento realísticos
alocados a um Centro de Instrução de Blindados. O Leopard 1A 5 BR é propulsado
por um motor MTU MB 838 CaM-500 de 830 hp (velocidade máxima de 65 km/h em
estrada e a 30 km/h em pisos irregulares). A autonomia é de 600 km (tanque de
combustível para 985 litros de diesel).
O
armamento principal é o excelente canhão L-7 A3 de 105 mm e 52 calibres estabilizado
(permite disparar em movimento com alta probabilidade de acerto no primeiro
tiro). O carregamento é manual e o compartimento de munição tem capacidade de
transportar até 55 tiros de 105 mm. O armamento secundário é composto por um
par de metralhadoras em calibre 7,62X51 mm com 5500 munições divididas entre as
duas (uma coaxial e outra montada acima da torre)
O
controle de tiro Krupp-Atlas Elektronik
EMES-18, baseado num computador de tiro desenvolvido, originalmente, para o
KMW Leopard 2, é o grande diferencial do Leopard 1 A5. O sistema ainda possui,
integrado, uma mira de visão térmica HZF (Hauptzielfernrohr) fabricada pela
Carl Zeiss, e um telêmetro a laser. O computador de controle de fogo calcula
soluções para tiro contra alvos até 4 km de distancia.
As
unidades operadoras estão todas concentradas na região sul do Brasil, sendo
quatro Regimentos de Carros de Combate (RCC), o 1º, 3º, 4º e 5º, com 54 CC
Leopard 1 A5 BR cada. O Centro de Instrução de Blindados também dispõe de
exemplares usados na formação de novas tripulações em Santa Maria (RS), ao lado
do 1º RCC.
No
final do primeiro trimestre de 2017, a KMW do Brasil renovou por mais 10 anos o
contrato de suporte logístico da frota de CC Leopard 1 A5 BR do Exército
Brasileiro, um acordo avaliado em €60 milhões (R$ 220 milhões) que inclui o uso
das avançadas instalações da empresa em Santa Maria (RS) para o lançamento de
um programa de modernização desses carros. Esse contrato, quando autorizado,
envolverá a troca de todos os equipamentos eletrônicos de bordo (digitalização
completa) e adição de blindagem modular para maior proteção. O setup de
equipamentos estudados ainda é considerado classificado e não está disponível.
A
realização desse upgrade também está sendo planejado para acrescentar
conhecimento tecnológico e encomendas para as empresas da Base Industrial de
Defesa. A frota restante de CC Leopard 1A1 (Leopard 1Be de origem belga, mais
antigos) não será atualizada pois estão equipados com um sistema de
estabilização desenvolvido pela SABCA, o que torna extremamente onerosa a
conversão desses carros a um padrão mais atual. No entanto, os exemplares
restantes foram submetidos a uma revisão completa em 2016 (Parque Regional de
Manutenção 5) e encontram-se funcionais.
M60 A3 TTS
O
M-60 A3 TTS (Tank Thermal Sight ou mira térmica AN/VSG-2), de 1978, é
uma das últimas versões do veterano M60 Patton, o primeiro MBT norte-americano
(introduzido em 1957). Foram feitas várias modificações na versão A3 TTS, como
a instalação de lançadores de granadas fumígenas, telêmetro a laser AN/VVS-2
(usado pelo comandante e pelo artilheiro), computador de tiro M21 e sistema de
estabilização da torre. Esse CC só deu baixa do Exército dos Estados Unidos em
1997, quando foi integralmente substituído pelo M-1 Abrams.
Os
28 M60-A3 TTS atualmente em condições operacionais, de 91 adquiridos, foram
distribuídos ao 20º RCB em Campo Grande (fronteira com a Bolívia e Paraguai),
mobiliando 2 esquadrões e "fechando a fronteira na região centro-oeste. Outros
poucos exemplares ainda são usados no Centro de Instrução de Blindados, em
Santa Maria (RS) na formação de tripulações.
Os
CCs e suprimentos restantes encontram-se armazenados no 5º Parque Regional de
Manutenção em Curitiba (PR). Nos planos do Exército Brasileiro, a sua modernização
só depende da disponibilidade de recursos, já que existem no mercado
internacional grande oferta de peças e componentes, e algumas empresas,
notadamente israelenses, oferecem upgrades de grande sucesso entre operadores
do modelo.
Ficha Técnica M60 A3 TTS:
Peso: 46 toneladas; comprimento:
22,79 ft (6,9 m); largura: 11,91 ft (3,6 m); altura: 10,54 ft (3,2 m)
Tripulação: 4 (comandante,
motorista, artilheiro e municiador)
Armamento primário: 1 x canhão M68,
de 105 (M60/A1/A3); armamento secundário: 1x metralhadora M73 (7,62 mm,
coaxial) e 1x metralhadora Browning M2 .50 (antiaérea).
Motor: Continental AVDS-1790-2C
diesel (750cv) com transmissão Alisson CD-850-6A,
Capacidade de combustível 1.457 litros.; Alcance Operacional: 311 milhas
(501 km)
Velocidade: 48 km/h estrada e 30
km/h terreno irregular
Corpo de Fuzileiros Navais da
Marinha do Brasil
Nessa
mesma época em que o Exército escolheu seus MBT, o Corpo de Fuzileiros Navais estabelecia
a criação de um Batalhão de Blindados de Fuzileiros Navais, baseado no Rio de
Janeiro e equipado com um carro caça-tanques sobre lagartas que pudesse, entre
outros requerimentos, ser transportado pela Embarcação de Desembarque de
Viaturas e Materiais (EDVM) até as praias. O escolhido foi o austríaco Kourassier
SK-102A2S (18 toneladas), e dezessete unidades foram entregues armadas com
canhão de 105 mm (carregamento semi-automático, dois tambores com seis
projéteis) e sistema de tiro dotado de visão térmica amplificada para emprego
noturno, além de uma viatura especializada socorro/oficina denominada SK-105
Greif.
A
torre oscilante é semelhante à usada pelo tanque leve AMX-13 francês. O
comandante está sentado à esquerda da torre e o artilheiro à direita. O
comandante tem sete periscópios. A visão noturna de infravermelho do comandante
tem uma amplificação de x6. O artilheiro tem dois periscópios de
observação, uma mira telescópica e uma escotilha.
Para
engajar alvos à noite uma mira periscópica infravermelho está disponível ao
comandante. Um telêmetro laser CILAS TCV 29 (que funciona em distâncias de 400
m a 9,995 m) é montado no teto da torre. O farol de infravermelho/luz branca
XSW-30-U 950 W é montado sobre a esquerda da frente da placa da parte oscilante
da torre. Um ventilador fixo na torre retira a fumaça quando o armamento
principal ou secundário é acionado. Todas as versões do SK-105 têm um canhão de
105 mm denominado 105 G1. Após o disparo, o estojo vazio é ejetado por uma
porta automática localizada na parte de trás da torre.
O Engesa EE-9 Cascavel nas FFAA
brasileiras
Produzido
em São José dos Campos pela Engesa, o blindado alcançou enorme sucesso
internacional. Além do Brasil, onde ainda existem mais de 200 unidades em
operação no Exército, distribuídos entre unidades de cavalaria ligeira
(reconhecimento). O modelo também foi exportado para países como Iraque, Líbia,
Colômbia, Chipre Bolívia, Equador, Paraguai, Suriname, Uruguai e Venezuela. O
Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil adotou o modelo por um curto
período. Na atualidade estão fora de serviço, a maioria transformados em
monumentos.
Foto: AGSP/Equitron/EB |
Concebido como um carro blindado de reconhecimento sobre rodas 6x6, o Cascavel pode ser considerado uma versão atualizada e revista do M-8 Greyhound norte-americano, porém equipada com um canhão CE90 de 90 mm e sistema de suspensão inovador (para a época) denominado boomerangue. Fácil de fabricar devido a sua simplicidade, foi projetado para usar componentes comerciais disponíveis na indústria automobilística como forma de baratear a sua manutenção, e exportado em grandes quantidades.
No
Exército Brasileiro, após décadas de bons serviços, estão em curso programas de
modernização que visam recuperar cerca de 200 carros, dando-lhes novas
capacidades. O protótipo mais discutido, da empresa Equitron, é uma viatura
blindada de reconhecimento (VBR) demonstradora de soluções tecnológicas que
podem ser aplicadas em partes ou na sua totalidade, melhorando a
operacionalidade do veículo. Esse pacote foi pensado especialmente para ser
ofertado no mercado a operadores estrangeiros do Cascavel.
O
EE-9U Cascavel ou MX-8 é equipado com um motor MTU/Mercedes eletrônico de 300
cv (220 kW) com sobrealimentação mediante turbocompressor e intercooler. A
suspensão boomerang recebeu melhorias no rendimento, o sistema de freio de
disco é completamente novo e o desenho dos gases de escape do motor também,
expulsando o ar para cima e não para trás, assim reduzindo a assinatura térmica
do carro. O modelo proporciona um moderno
sistema de ar condicionado para a tripulação, e integra visão noturna para o
motorista e comandante atirador (sistema de tiro).
A
torre recebeu o sistema eletro-hidráulico de rotação e elevação do tubo
(back-up por sistema manual) similar ao que é utilizado no tanque Leopard da
alemã KMW, além de também receber os sistemas de telêmetro laser, térmico e
infravermelho da holandesa Orlaco, selecionados pelo comandante e/ou atirador
através de um joystick e teclas associadas, e aumento da capacidade de munição
na torre. Na parte externa, foram instalados dois lançadores de mísseis
anti-tanque (ATGM), dimensionados para receber sistemas do tipo MSS-1.2
(integrando o telêmetro laser do veículo) ou o Attaka russo / Spike israelense
(com sistema autônomo de aquisição e guiagem de alvos).
Os
rádios digitais, da Harris (Falcon III), utilizam interface fornecida pelos
intercomunicadores Thales SOTAS para comunicações, uma capacidade análoga a dos
VBTP-MR 6x6 Guarani, que empregam os mesmos implementos. O canhão CE90 calça munições
nacionais da Engepron e CBC, incluindo projéteis penetradores de blindagem e
ogivas de alto teor explosivo com cargas simples e duplas (em tandem).
Ficha
Técnica EE-9 Cascavel padrão:
Peso: 12 toneladas
Comprimento: 6,29 m (20 ft 8 in); Largura: 2,59 m (8
ft 6 in); Altura: 2,60 m (8 ft 6 in)
Tripulação: 3 (comandante, motorista, artilheiro)
Motor: Detroit Diesel 6V-53N 5,2 ml (0 00 020 in) de
6 cilindros refrigerado a água, 212 cv (158 kW) a 2,800 rpm
Suspensão: Tração 6X6 Boomerang
Capacidade de combustível: 360 litros; Alcance
Operacional: 750 km; Velocidade: 100 kmh
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