quarta-feira, 20 de março de 2024

O Míssil Antinavio Nacional, mais conhecido como Mansup - A Saga da Indústria de Mísseis que deu certo no Brasil! Exclusivo!

O Míssil Antinavio Nacional, mais conhecido como Mansup, foi desenvolvido por um conjunto de empresas brasileiras como uma alternativa de fabricação nacional para os mísseis franceses MBDA Exocet MM40.

Uma maquete do projeto foi apresentada no Rio de Janeiro em 2011 durante a exposição LAAD, realizada no Riocentro. 


O projeto original era para um míssil antinavio inspirado no Exocet MM39, porém inteiramente desenvolvido no Brasil com materiais nacionais e sem aplicar engenharia reversa nos mísseis franceses empregados pela Marinha do Brasil.

No mesmo ano, a MB firmou contratos com as empresas nacionais Avibras e a Mectron, dando início oficialmente ao projeto.









Diferentes empresas foram encarregadas de diferentes partes do projeto, a Mectron desenvolveu os primeiros protótipos enquanto a Avibras foi responsável pelo desenvolvimento dos motores de propelente sólido.






Outras empresas convidadas a participar do programa, como a Omnisys (Thales), a Fundação Ezute e a Atech (Embraer) foram encarregadas de desenvolver o seeker (sistema de busca de alvos), os sistemas de guiagem, navegação e controle, assim como realizar o gerenciamento e acompanhamento do projeto 

O Mansup atualmente se encontra em estágio de qualificação final antes da produção. 

Nesse estágio, as capacidades do míssil estão sendo avaliadas, assim como a viabilidade da sua produção a nível industrial.

A Marinha do Brasil sempre buscou estar na vanguarda dos avanços tecnológicos na América Latina, sua história foi marcada por tais conquistas, tendo o Brasil sido a primeira nação da região a operar encouraçados e a construir seus próprios contratorpedeiros, fragatas e submarinos.










Atualmente, a MB é a primeira força naval da região a desenvolver seu próprio míssil antinavio para equipar seus novos navios, inclusive o primeiro submarino de propulsão nuclear da região.

Ao longo do seu desenvolvimento foram realizados seis testes de lançamento do Mansup, o primeiro deles ocorreu em 27 de novembro de 2018 quando um protótipo foi disparado pela corveta V34 Barroso

Em 20 de março do ano seguinte, a fragata F44 Independência se tornou o segundo navio brasileiro a disparar o Mansup. 



Lançamentos do MANSUP no Canal Caiafamaster

Ainda no mesmo ano, a F44 Independência realizou um novo teste com o Mansup. 

Esse foi o último teste realizado durante o estágio de desenvolvimento do míssil, que foi concluído ainda em 2019. 

A partir daí, o Mansup entrou no seu estágio atual de qualificação para produção, onde foi bastante aperfeiçoado e transformado de protótipo em produto que possa ser fabricado a nível industrial.

Para isso, em novembro de 2021, a Fundação Ezute foi contratada para realizar o gerenciamento complementar do lote piloto do Mansup.





Durante essa etapa do desenvolvimento foram realizados os três últimos testes do Mansup até o momento.

O quarto lançamento ocorreu em 20 de setembro de 2022 sendo realizado pela fragata F42 Constituição, já o quinto e penúltimo lançamento do Mansup foi realizado em 26 de abril de 2023 pela fragata F43 Liberal, em operação que também contou com a presença da fragata F45 União








Vídeos Lançamentos MANSUP e Entrevistas Canal Caiafamaster

Espera-se que até o fim do estágio de qualificação para produção sejam realizados cerca de 10 lançamentos de protótipos do Mansup. 

Em 29 de setembro de 2023 o Grupo Edge dos Emirados Árabes Unidos tornou-se parceiro do projeto com a aquisição de 50% do capital da SIATT, empresa que herdou todo o desenvolvimento iniciado pela extinta Mectron.

Durante o Dubai Air Show 2023, no dia 14 de novembro, o Edge Group anunciou uma nova versão do Mansup com alcance estendido, chamada Mansup Extended Range ou Mansup-ER. 

Essa nova versão do míssil brasileiro oferece uma vantagem significativa comparado ao míssil original, tendo alcance máximo de 200 km contra apenas 75 km do Mansup pioneiro, além de oferecer também uma velocidade superior em voo.




Ambas as versões do Mansup impressionaram os representantes das Forças Armadas dos Emirados Árabes Unidos, que assinaram uma carta de intenções com o Edge Group para a compra de mísseis Mansup e Mansup-ER com o valor estimado de US$ 300 milhões de dólares.

E claro, a MB também realizou encomendas desses avançados mísseis no valor de US$ 163 milhões de dólares, os mísseis Mansup tendo sido desenvolvido para substituir os MBDA Exocet MM39 e MM40 atualmente empregados pela Marinha do Brasil.

O Mansup é naturalmente comparado ao míssil que pretende substituir.

Analisando as características básicas dos dois mísseis, o Mansup-ER já se mostrou capaz de atingir o mesmo alcance operacional do Exocet MM40 Block 3, cerca de 200 km, porém o MM40 ainda é mais rápido, podendo atingir velocidades de 1.148 km/h enquanto o Mansup-ER chega a 950 km/h.

Ambos podem utilizar um sistema de navegação inercial ou serem guiados por radar na fase final de voo, e utilizam táticas sea skimming, voando próximo do nível do mar para serem mais difíceis de detectar e derrubar.





Apesar do MBDA Exocet MM40 ainda se mostrar superior ao Mansup-ER em características básicas, sua vantagem não é tão grande assim, e para o primeiro míssil antinavio desenvolvido inteiramente pelo Brasil, sem qualquer tipo de engenharia reversa, chegar tão perto das capacidades de um dos mais avançados mísseis anti-superfície do mundo já é uma conquista bem significativa.

A Marinha do Brasil já deixou clara suas intenções para desenvolver as futuras implementações do Mansup. 

Entre os navios que ela espera operar com esses mísseis estão as novas fragatas da classe Tamandaré, assim como submarinos das classes Riachuelo e Álvaro Alberto.

A ambição brasileira também se estende ao ar, um desenvolvimento de uma versão ar-superfície do Mansup já é uma realidade com o chamado Manaer, que poderá ser transportado e disparado por caças e helicópteros.





Também já estão sendo consideradas variantes do Mansup e do Manaer com ogivas (cabeças de guerra) diferentes, como por exemplo, uma ogiva incendiária ao invés de uma explosiva. 

Porém, esses ainda são apenas protótipos em concepção, o principal desafio que a Marinha do Brasil e a Força Aérea Brasileira deverão enfrentar durante a futura implementação do Mansup e do Manaer nos seus respectivos inventários será o desenvolvimento dos seus próprios lançadores e sistemas de lançamento, visto que o Mansup só foi lançado a partir de equipamentos originalmente destinados ao lançamento dos mísseis Exocet.

Apesar de ter sido desenvolvido com essa capacidade em mente, o objetivo final é que os lançadores também sejam de desenvolvimento e fabricação brasileira, constituindo um sistema completamente nacional para o Mansup e um salto significativo na capacidade de ser auto-suficiente.



Em uma área de atuação onde os combates navais são protagonizados por mísseis de longo alcance, a Marinha do Brasil está cada vez mais perto de tornar-se uma potência ainda maior na América Latina com uma indústria nacional pioneira na região.

Mais importante do que possuir e operar os melhores navios ou os melhores armamentos, é ter os seus próprios, pois o aliado de ontem pode ser o agressor de amanhã, e com a introdução do Mansup, a Marinha do Brasil está cada vez mais preparada para as surpresas e desafios do amanhã.


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