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Guerra no Rio

Guerra no Rio: 
a outra face da Cidade Maravilhosa
(DEFESANET)



Kaiser Konrad
Enviado especial ao Rio de Janeiro

Duas semanas após ser anunciada como sede das Olimpíadas de 2016, a cidade do Rio de Janeiro volta às manchetes da imprensa internacional. Desta vez, as notícias não foram positivas e exportaram a preocupação vivida pela maioria dos cariocas há quase trinta anos, quando o poder paralelo dos traficantes começou a se fazer presente e mostrar força nas favelas.

Com as equivocadas políticas públicas de não confrontação do então Governador do Estado Leonel Brizola, que orientava as polícias estaduais a não “subir o morro para atirar em trabalhadores e reprimir a população pobre”, houve a ausência do poder do Estado. Com isso cresceu o poder paralelo imposto pelo Tráfico de Drogas.


Por trás das belezas vendidas aos turistas e apresentadas ao Comitê Olímpico Internacional, o Rio vive uma séria crise social e de segurança. A cidade abriga aproximadamente 1024 comunidades (favelas) onde vivem mais de dois milhões de habitantes.

Nestas comunidades, quando um garoto entra na adolescência ele tem duas opções: segue para o mundo distante e difícil da legalidade, onde tem que estudar, disputar um emprego, buscar seu próprio sustento num mundo injusto, casar e ter filhos para depois ser expulso de casa e colocado para fora da comunidade, ou entrar para a vida fácil – e curta – do tráfico. Começando como “fogueteiro” e subindo os postos do crime.




Isso só acontece devido à ausência do poder do Estado nessas áreas, que não tem acesso à educação, saúde e segurança, condições mínimas necessárias para a formação de um cidadão. Crescer e ter como modelo o chefe do tráfico é duro para as crianças que vivem nessas comunidades.

Resolver os problemas de segurança do Rio de Janeiro não é tão fácil como muitos especialistas pensam. Não existe vontade política nem anseio social para que o problema seja resolvido. O tráfico tem ligações com a polícia, políticos, juízes; abastece membros da classe artística e da imprensa e é sustentado principalmente por aqueles que moram na “Barra e na Zona Sul”. Sem o combate efetivo ao consumidor sempre haverá mercado para este tipo de crime.

As polícias estaduais devem ocupar em rodízio os principais pontos de cada comunidade, apoiar e proteger os representantes do Estado, médicos, assistentes sociais e professores. Devem ser promovidas políticas públicas que estimulem o desenvolvimento e a reinserção social dos habitantes. O Rio necessita de uma política de Estado, planejada e realizada em fases e que terá duração de pelo menos 30 anos. O que não pode é cada governo que entra começar tudo do zero.




O Governo Federal tem realizado em determinadas comunidades obras do PAC. O programa repleto de boas intenções está sendo aproveitado por bandidos. Segundo uma fonte da PMERJ, os traficantes estão se cadastrando como operários, tem a carteira de trabalho assinada e quando são presos apenas apresentam-na dizendo serem “trabalhadores”. A Polícia Militar já rebatizou o PAC de Programa de Aceleração da Criminalidade.

Também, uma guerra não se luta somente com boas intenções. É necessário o rearmamento e o treinamento das polícias. O Rio vive uma situação de guerra assimétrica e para lutá-la o Estado tem que estar preparado. O aumento das ações de inteligência, identificando chefes do tráfico, e se informando sobre carregamentos de drogas e armas são fundamentais para o sucesso das operações repressivas.
Do ponto de vista tático, as forças policiais sempre estarão em desvantagem já que os criminosos estão nos morros, o que faz necessária a aquisição urgente de helicópteros blindados para apoio e transporte de tropas.


Cabe aos órgãos de Inteligência e à Polícia Federal a fiscalização das ONGs que trabalham nos morros assim como a identificação e prisão de ex-militares estrangeiros nestas áreas. A favela da Maré, reduto de angolanos tem a presença de ex-guerrilheiros da UNITA. Também já foram identificados membros das FARC operando nas favelas, provendo treinamento e realizando ações contra a polícia. Ex-militares das Forças Armadas, incluindo militares expulsos da Brigada Paraquedista, Fuzileiros Navais e Forças Especiais foram identificados trabalhando para o Tráfico de Drogas.

O Ministério da Defesa precisa pressionar por uma legislação que permita o emprego dos militares em operações de Garantia da Lei e da Ordem para apoiar as forças policiais no Rio de Janeiro. A cidade abriga hoje o maior contingente militar do Brasil e para vergonha da nação, os militares tem medo da situação. Uma norma que não se encontra escrita em lugar algum, mas é obedecida por todos diz que não se anda fardado na rua, pois traficante mata militar. Do soldado ao oficial-general, diariamente no caminho da casa para o serviço e vice-versa todos escondem a farda e a identidade militar no porta-malas do veículo e andam à paisana. A situação é grave e precisa ser enfrentada. É inadmissível que a ex-capital do Império e da República continue assim.

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